3 de março de 2010

Filme "A História das Coisas":

O Filme "A História das Coisas" é um documentário que explica o sistema linear pelo qual atravessam todos os produtos que adquirimos, indica as falhas desse sistema e a sua implicação no Consumismo.


Resumo do filme:

As coisas deslocam-se ao longo de um sistema linear composto por cinco pontos principais: extracção, produção, distribuição, consumo e tratamento de lixo. A este sistema dá-se o nome de “Economia de Materiais”. Mas de onde vieram e para onde vão as nossas coisas? Este esquema não está completo.
Nós vivemos num planeta finito, e um sistema linear não funciona num planeta finito. Todas as etapas deste sistema interagem com a vida real. Ou seja, reagem com comunidades, culturas, ambiente etc., mas sobretudo com pessoas como nós.
Começando pelo primeiro ponto, na extracção de recursos ou “Exploração de Recursos Naturais” (ou melhor: “destruir o planeta”), destruindo todas as árvores, desfazendo todas as montanhas, matando todos os animais e poluindo todas as águas, procuramos todos os materiais que precisamos. Nas últimas três décadas foram consumidos 33% dos recursos naturais de todo o planeta, isto acontece porque cada governo além de utilizar os recursos do seu país, usa os recursos dos outros: as zonas de pesca de todo o planeta estão a ser exploradas ao máximo ou além da sua capacidade de regeneração; desapareceram 80% das florestas originais do planeta (no Amazonas, são abatidas 2000 árvores por minuto) e as pessoas que vivem nesses lugares são desvalorizadas por não terem poder de compra.
Na segunda etapa do sistema, a produção, sitio onde se usa energia para misturar químicos com substâncias naturais para criar coisas sintéticas. O impacto destes produtos são ainda, em grande parte, desconhecidos – um exemplo simples: o leite materno é o produto alimentar com mais concentração de químicos. Mas das pessoas, ou seja, de todos nós, quem se expõe mais a estas toxinas são as pessoas que trabalham nas fábricas, e que tipo de pessoas trabalham nas fabricas? As pessoas que perderam a sua importância e condição nos locais de extracção onde tudo está a ser destruído. Estas pessoas deslocam-se para as grandes cidades em busca de uma vida melhor; vivem em bairros de lata e trabalham nas fábricas.
A terceira etapa é a distribuição, venda, ou seja, “a maneira de vender as coisas tóxicas o mais rápido possível”. O objectivo é manter os preços baixos e vender o máximo possível, mantendo, assim, as pessoas em movimento. Como os preços são baixos, pagam salários baixos aos empregados e restrigem o acesso aos benefícios de saúde. Nos locais de venda (como as grandes superfícies comerciais) exteriorizam-se os custos, ou seja, o verdadeiro custo de produção não é o que pagamos, por outras palavras: não pagamos aquilo que compramos – nós compramos as coisas por um preço muito mais baixo do que elas valem! Então, quem pagou? Simples: as pessoas que viviam em lugares de extracção que perderam a sua casa; as pessoas que trabalham em fábricas pagando com a perda de ar puro e o aumento de doenças (como por exemplo: a asma e câncer); as pessoas dos supermercados pagaram por não terem direitos de saúde – todas estas pessoas contribuíram para que comprássemos as coisas a preços muito baixos.
Os governantes preocupem-se apenas em manter o fluxo de consumidores. Se notarem, é o que fazemos, ou seja: comprar, comprar e comprar. Alguns estudos apontam que apenas 1% de aquilo que compramos, continuamos a usar após 6 meses após a compra. Por outras palavras: 99% daquilo que compramos são lixo em menos de meio ano. Mas nem sempre foi assim – à 50 anos, cada pessoa consumia metade do que se consome hoje, mas porque é que tal valor duplicou? Elementar! Foi tudo planeado pelos governantes. Após a 2ª guerra mundial, estes governantes queriam impulsionar a economia. A solução era tornar o consumo um acto habitual, através de uma satisfação espiritual, era preciso que as coisas fossem produzidas, consumidas e descartadas a um ritmo cada vez maior – como é que isto foi possível? Disponibilizando o número e variedade máximo de serviços e produtos de modo que sejam utilizadas o mínimo de tempo possível para que o consumidos [nós] comprem outro sem perder a fé. Isto acontece desde os sacos de plástico à roupa, passando pelos computadores. Por exemplo, a cada versão nova de computadores, apenas muda uma pequena peça, mas para obrigar o consumidor a comprar tudo de novo, mudam o formato da peça, de modo que este não seja compatível com a versão anterior.
Mas, mesmo assim, as coisas não se avariam suficientemente rápido para manter o fluxo de consumo, então, existe a “obsolescência perceptiva”. Esta é o pensamento ou a necessidade que nos leva a pôr fora coisas perfeitamente úteis. Como o fazem? Mudando a aparência das coisas. Ou seja, se já não actualiza o seu computador já à algum tempo, as pessoas que o rodeiam percebem que não tem contribuído para o fluxo de compra falado atrás, e assim, a pessoa que não contribuiu tem menos valor em relação á que contribuiu, e como ninguém gosta de se sentir desvalorizado, a pessoa acaba por comprar (tendo dinheiro ou não). Também a publicidade contribui para a obsolescência perceptiva. A publicidade critica-nos dizendo que o nosso cabelo, a nossa forma de vestir, a nossa forma de comer, de andar ou de pensar está errada, dizem que tudo está errado em nós, mas que tudo se resolve se formos ás compras. Contudo, alguns estudos afirmam que o nosso nível de felicidade tem vindo a descer a pico desde os últimos cinquenta anos (curiosamente, desde quando o consumo começou a evoluir apressadamente), porquê? Porque com tantos bens materiais, já não temos tempo para o que realmente nos faz felizes como os amigos ou a família; temos pouco tempo livre, e nesses escassos espaços de tempo o que mais fazemos é: ver televisão e fazer compras. Entramos num ciclo que se resume a: comprar, usar, trabalhar para pagar o que foi comprado, ver televisão ser influenciado a comprar certo produto, comprar, usar e trabalhar para pagar o que foi comprado… é um ciclo.
O último ponto, o que trata de todos os produtos que deitamos fora, ou seja os que vão para um aterro ou incineradora. Ambas as coisas poluem bastante o ambiente, a incineração é uma das principais fontes de dioxinas, o pior químico produzido pelo homem, isto juntando à poluição das fábricas. A alternativa a isto tudo seria reciclar. Mas reciclar não é o suficiente porque a maior parte do lixo não pode ser reciclado (em grande parte porque têm muitos tóxicos ou porque foi criado para não ser reciclado, exemplo: caixas de sumo).
Solução? Alterar o sistema linear para um circular, precisamos de nos libertar da ideia de “usar e meter fora”, é preciso basearmo-nos em: sustentabilidade, equidade, química verde, zero resíduos, produção em ciclo fechado, energia renovável e economias locais vivas. Há quem diga que isto é idealista, irrealista, mas pode acontecer! Se as pessoas criaram o que temos agora, também é possível de o desfazer!

Resumido por: Rúben R.

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